Olá.

Alguns dias atrás um amigo, diretor de uma empresa de tecnologia, foi demitido em nome “da crise”. A empresa disse estar “se preparando” para enfrentar a recessão que “está por vir”. Aproveitei para oferecer-lhe sociedade num projeto que quero lançar há alguns meses e estava parado à espera de alguém competente para gerenciá-lo. Quem sabe se esta não é uma oportunidade para ele mudar a sua vida – e a minha – para melhor?

O fato é que com crise ou sem ela, no mês passado a Nasajon Sistemas bateu o recorde de vendas de todos os tempos. Desde que começamos as nossas atividades, há 26 anos, não vendemos tanto quanto em janeiro. O último recorde havia sido atingido em 2003, durante o boom de consumo do dólar a R$ 1,20. Efeitos da crise? Talvez. Depende de que lado você enxergue.

O Jornal do Brasil de hoje publicou minha opinião sobre a solução de cada um, e como podemos (ou devemos) aproveitar este momento para refletir sobre nossos projetos pessoais. Continuo acreditando que se enxergarmos pelo lado certo, podemos usar os empurrões da vida para avançar em nossas jornadas rumo à auto-realização.

Como VOCÊ vê este cenário? Envie seu comentário ou me conte quais os impactos que todo este rebuliço tem tido em sua vida. Talvez possamos criar uma espiral positiva para todos nós.

Um abraço,

Claudio.

Quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009.

A solução de cada um
Claudio Nasajon *

A onda de desemprego que começa a surgir no horizonte deste novo ano tem sido amplamente justificada como resultado da crise que assola um mundo cada vez mais sem fronteiras. Estatísticas frias, tratados acadêmicos e explicações macroeconômicas servem aos fins de descrever a imensidão do impacto na sociedade em geral, mas não resolvem o dia-a-dia de cada um.

A mãe ou o pai de família que foi demitido, por melhores que sejam as justificativas, tem ante si a necessidade de buscar uma nova fonte de renda e um cenário nada promissor para conseguir emprego na contramão das demissões em massa do mundo corporativo.

Uma solução que tem se mostrado eficaz é o empreendedorismo. Nosso país é, faz tempo, um dos mais empreendedores do mundo. A razão é simples: sem mecanismos adequados para garantir a subsistência dos desempregados como há na Europa, por exemplo, as legiões brasileiras de sem-emprego não têm outra alternativa a não ser partir para a iniciativa privada. Camelôs, pipoqueiros, vendedores porta-a-porta, artesãos e inúmeras outras ocupações por conta própria transformam o Brasil num dos países mais empreendedores do mundo segundo o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), estudo liderado pela London Business School que estuda a atividade empreendedora no mundo.

A boa notícia para os demitidos é que se camelôs semianalfabetos e outros empreendedores por necessidade conseguem movimentar, em nosso país, quase 40% do PIB, então as possibilidades para técnicos habilitados, profissionais experientes e executivos com perfil de liderança são ainda maiores. A questão, portanto, é procurar, após um momento de choque emocional gerado pela demissão, manter a calma, relaxar, buscar em seu entorno alguma oportunidade de negócios e empreender por conta própria, seja com recursos próprios, seja com apoio de investidores.

Negócios estão sempre à nossa volta. Quando ouvimos alguém reclamar de algo que falta ou que foi mal feito, estamos diante de uma oportunidade de negócios. Se falta, se é mal feito, significa que há espaço para você criar um empreendimento que preencha a lacuna e passe a suprir a demanda com a qualidade esperada pelo mercado. Não é preciso inventar nada nem ter doutorado em ciências, basta perceber a oportunidade onde outros apenas se queixam.

Outro ponto importante é que o momento nunca esteve tão propício para criar empreendimentos no Brasil. Existem centenas de cursos que ensinam a planejar um negócio e, com isso, dar-lhe mais condições de decolar (o planejamento prévio é um dos fatores-chave para o sucesso dos empreendimentos), assim como há financiamentos com juros reduzidos, fundos de investimento com capital de risco (que troca o dinheiro aportado por participação no negócio, sem necessidade de devolvê-lo), agentes governamentais como o Sebrae que dão consultoria para aqueles que querem se lançar na carreira empreendedora e ações como o Prime, que oferecem apoio para a criação da primeira empresa, só para citar alguns.

Em resumo: se você foi demitido mas se considera competente no que faz, passe a monitorar o ambiente à sua volta em busca de problemas, faltas, serviços mal-feitos ou até exemplos de sucesso que não conseguem atender à demanda (restaurantes superlotados indicam a falta de outras opções). Identifique uma área na qual você se sinta confortável, elabore um projeto e busque fontes de financiamento. Penso que é mais fácil obter recursos financeiros para realizar um projeto bem elaborado do que conseguir emprego nestes tempos cada vez mais difíceis.

O importante é saber que os tempos mudaram e, a meu ver, para melhor. Agora, em vez de buscar empregos, as pessoas têm a oportunidade de criá-los!

* Claudio Nasajon é empresário do setor de TI e professor de planejamento de negócios na PUC-Rio