CLAUDIO NASAJON

Quando eu era criança, a frase que mais ouvia era “não se pode confiar nos empregados. Na primeira oportunidade eles passam a perna em você”, me diziam.  Acho que vêm daí ditados como “o olho do dono é que engorda o boi” ou “se quiser fazer bem feito, faça você mesmo”.

Tudo bobagem. Quero dizer, tudo bem se você ainda acredita nisso, até funciona se o que você quer é um micronegócio, mas não serve para construir riqueza de forma escalável. Talvez você possa usar essa abordagem num consultório, numa pequena loja ou em atividades que você possa abraçar com os seus próprios braços, mas esse modelo não permite crescer.

Se fosse seguir esse (pré)conceito, o Mc Donalds continuaria sendo, até hoje, uma lanchonete muito bem sucedida em San Bernardino, na Califórnia. Jamais teria se transformado na maior rede de restaurantes do planeta, servindo mais de 70 milhões de refeições em 38 mil pontos espalhados em 175 países. O olho do dono não chega tão longe. Ninguém pode fazer, por si só, 70 milhões de refeições por dia.

Você poderia até argumentar que o hambúrguer das 38 mil lojas nunca será tão bom quanto era o original e eu até aceito isso, mas … e daí? Se eles ainda dependessem do olho do dono, minha filha jamais teria conhecido o Mc Lanche feliz e não vou discutir aqui se isso é bom ou ruim porque foge ao tema. O ponto é que se você concordar comigo que empresa não é bichinho de estimação e sim máquina de fazer riqueza (para você, para os funcionários e para as comunidades ao redor), então a abordagem de empresa “vendável” é mais interessante.

Uma fórmula baseada não no “olho do dono” e sim num plano de ação com resultados mensuráveis e indicadores de desempenho. Um método que se baseia em sistemas de monitoramento e controle, não na presença do dono na operação. Um modelo de gestão que busca alinhar os interesses dos empregados com os da empresa, em vez de depender da confiança que só se obtém, às vezes, com familiares.

Mas é possível confiar nos empregados? A resposta é SIM, porque você não confia no empregado, confia no sistema.

Digamos, por exemplo, que você seja dono de uma garagem. Em tese, quando o carro entra, um funcionário mal intencionado poderia não registrar a entrada/saída e ficar com o dinheiro. Mas se você colocar uma câmera ligada à Internet que envie a imagem sempre que algum carro passar por ela (todas têm sensores de presença hoje em dia), com menos de R$100 por mês terá um “registro automático” de todas as entradas. No final do dia é só contar quantas imagens foram enviadas, quantos registros foram feitos pelo responsável e fazer a conciliação.

Existem muitas outras formas de resolver esse problema e qualquer uma delas é muito mais escalável do que depender de si próprio, ou de algum filho, sobrinho ou primo, para tomar conta do estacionamento e evitar furtos. Usei a câmera como ilustração, mas hoje em dia existem sistemas de monitoramento e controle muito mais eficazes e precisos que permitem administrar a distância quase qualquer operação. Eu sei porque vivo isso há 38 anos. Minha empresa desenvolve sistemas de gestão empresarial que permitem saber, a cada segundo, como estão as vendas, os estoques, as solicitações feitas pelos clientes e quase qualquer outro item da operação, até pelo celular.

Recebo alertas automáticos sempre que algo sai do normal. Tenho relatórios com as médias dos resultados por funcionário e detecto facilmente eventuais desvios. Meus funcionários batem o ponto a distância usando reconhecimento facial no celular. Cada vez mais, os sistemas tomam conta da rotina, enquanto eu me concentro no que interessa: a estratégia para fazer crescer o negócio.

Claudio Nasajon

EmpresaVendavel.com