CLAUDIO NASAJON

Por Kate Cubas*

Quando o filho desata a espernear e a gritar, muitos pais levantam a voz com o dedo em riste ou optam por usar palmadas para acabar com a “pirraça”. Mas será que a criança está, de fato, comportando-se mal ou quer apenas se comunicar?

O fato é que todas as crianças, de vez em quando, se “portam mal”, mas segundo o Psicólogo clínico Álvaro Ferreira, talvez não exista o “mau comportamento”. Essas atitudes apenas contrariam as idealizações dos pais: “uma criança considerada mal comportada reflete uma expectativa que os pais têm e que não é correspondida. Há sempre uma dimensão cultural acerca do que é bom ou mau comportamento”.

Há pais que consideram mau comportamento ser irrequieto, ter falta de atenção na escola, não querer dormir, tomar banho ou comer. Aquilo que é considerado ‘birra’, contudo, pode ser uma forma de a criança comunicar algo aos pais, como cólicas e fome ou mesmo desprazer afetivo. Nas mais velhas pode significar uma vontade de seguir um caminho diferente daquele que é imposto pelos adultos. “Uma ‘birra’ , nesse caso, pode ser importante para consolidar o processo de conquista da autonomia.

A forma de lidar com isso é menos trivial. Se os pais permitirem que a criança faça o que quiser, ela vai perceber que não há limites e se tornará um adulto problemático. No outro extremo, não deixá-la fazer nada, impede que ela ganhe consciência dos perigos que corre. Quando as crianças começam a andar, e querem descer uma escada, por exemplo, o ideal seria os pais estarem presentes e simultaneamente darem alguma liberdade, permitindo a exploração dessa situação.
Os ditos “maus comportamentos” são, freqüentemente, provocados por problemas de comunicação. Para crescer, é preciso sentir alguma frustração.

Não há crianças que sejam sempre bem comportadas. O ideal para um crescimento saudável, mas livre dos comportamentos considerados negativos, é um equilíbrio entre impor limites à criança e, simultâneamente, dar-lhe afeto. A chave é: comunicar… com amor.

Essa situação pode ser colocada também na nossa fase adulta. Se fizermos um comparativo, veremos que nosso comportamento não está, muitas vezes, longe daquela criança mal-criada que fomos um dia. Isso vale no aspecto pessoal, mas principalmente é sentido no aspecto profissional, com colegas, com subalternos e com superiores hierárquicos – o que normalmente traz problemas de relacionamento e gera instabilidade. Então, ao entender como agimos com nossas crianças, e identificarmos nossos próprios movimentos, poderemos melhorar a nossa interação com o mundo que nos cerca.

Kate Cubas é mãe de duas filhas.

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